quarta-feira, 11 de março de 2009

INQUÉRITOS DE RUA

Mal o sol desponta do curto inverno que quase assola este país, as principais cidades entram num frenesim de actividades de rua. Sejam actividades didácticas ou meramente actividades mascaradas de manobras publicitarias, somos abordados por esta país fora mais vezes nuns estratégicos cem metros, que a Carolina Salgado foi à saída do tribunal de Gaia.
É também nesta altura que os inquéritos de rua desaguam na foz de um qualquer "sadino largo du Bocage", como um parasita nos confins do sítio onde a barriga altera o nome, e o escroto assina por extenso. É também ai que como um atleta olímpico, eu salto obstáculos, contorno marmanjos em mangas de camisa ataviados de gravatas às flores, evito o pavimento repleto de patas-chocas a transbordar sabedoria de sovaco, só para cortar a meta livre de ser interpelado no périplo cosmopolita.
E lá me ia acontecendo ser apanhado à pouco, ia eu pé ante pé, como um Cristo que se evadiu do seu Calvário, quando os vejo de sorrisos mal lambidos mas de sapatos bem atacados. Aproximaram-se de mim, como jornalistas da cortesã. E quando eu estava quase na boca do vil predador, como um milagre sou salvo, resolvem antes chicotear uma velha senhora, que no seu passo calmo ouviu:
-É a favor de...
E sem deixar a pergunta poisar no ramo, respondeu educadamente:
-Sou a favor de não ser incomodada na rua!

Então não é que estamos sempre a aprender!? Vou usar este trunfo, gosto de andar na rua sem ter que coçar a micose. Um grande bem-haja à senhora, que como diz o Lobo Antunes "me tirou espinhas à vida".

1 comentário:

violet baudelaire disse...

é a essa praga de gente encapuçada de sorrisos que, brandindo inquéritos à laia de kalashnikovs, se deve a debandada para os cetros comerciais da populaça lusitana.
é que não há paciência para maratonar!!
eu estugo o passo à visão dessas hienas mas, ainda assim, se caio no erro de caminhar envolvida em divagações, arrisco-me a ser abordada sem pena nem agravo por uma saraivada crepitante de perguntas por esses assinantes do planeta agostini!

fico já prevenida, com o chilrear dos primeiros passarinhos, é evitar o eixo jaime rendas-capri como se da faixa de gaza se tratasse!