sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

MEMORIAS "A PILA DO BOCAGE"


A história repete-se como um peão se repete na sua dança sobre o seu eixo, após a sua fuga da guita. Ou seja, em Braga nada de novo se passou quando a PSP censurou a vulva pintada por Gustave Coubert, a tela do pintor francês apenas foi vítima de censura, tal como a pila do Bocage há um par de anos...
Eu explico: havia ali no largo do Bocage um sítio onde nos posicionávamos metricamente, e ao olhar para a estátua, o dedo indicador da mão direita de Elmano, ligeiramente em riste, parecia sair da braguilha das calças numa atitude desafiadora às donzelas que incautas se pavoneavam entre penas e excrementos de pombos que alheios ao movimento em redor da estátua, nidificavam, comiam e cagavam no largo, como aliás, ainda hoje o fazem. E como eu me lembro das divertidas romarias, que nos fins-de-semana soalheiros a canalha encetava ao centro da cidade, com o objectivo de viver a emoção da visão do falo poético sobre um nevão de penas que ia dos passos do concelho até ao café central, a galhofa da canga era geral e partilhada por miúdos e graúdos, pois também as idosas senhoras sadinas com naftalina a transbordar dos folhos de camisas floridas, degustavam essa experiencia antes da rotina do galão e da torrada no café Esperança, hoje rendido ao imperialismo do fast food, usando as cores da McDonald’s.
Pois é, esse metro quadrado venéreo situava-se em frente a uma relojoaria ao lado dos CTT, avançávamos uma meia dúzia de passos, olhávamos, e lá estava ele, despreocupado, ousado e em riste desafiando o poder autárquico do bem ido Manuel de Mata Cáceres. Ora com tamanho alvoroço a fazerem as actas camarárias corarem, o presidente disse basta, e logo mandou construir ali, um bebedouro para pombos e para cães, e também uns canteiros que semearam com relva e flores, que a malta não ousa pisar, não vá o Sócrates nos arrear um vendaval de porrada, ou nos mande alguém a casa consultar a biblioteca privada...
Mas enfim, fica na memória os bons tempos passados, "EM QUE O POETA EU JURO, ENTRAVA NA GALHOFA CONNOSCO", a olhar, e ver num espanto do c.
....., a estátua esculpida por Pedro Carlos dos Reis, ganhar vida...


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A VULVA FOI DENTRO



Algumas almas puritanas indispostas ou mal das canetas para subirem a escadaria domingueira do bom Jesus de Braga, fizeram-se passear no soalheiro dia de descanso do senhor por uma feira de saldos de livros de Braga, corria na paz do dito, o passeio, quando se depararam com algumas VULVAS escarrapachadas e servidas avulso, que literariamente eram adquiridas nos saldos. Ora como toda a gente sabe, é um perigo venéreo o consumo da dita a baixo preço, e também é atentado ao pudor se for ao domingo, dia de missa e dia da família, Logo a apreensão das vulvas por parte da PSP de Braga faz todo o sentido se bem que esta acção seria mais do departamento da nossa querida ASAE que deve andar a dormir lá para os lados de braga. Valha-nos deus que ainda temos os templários de azul.
Ficou também censurada no certame a lúdica revista da Gina e qualquer imagem ou referencia ao fervoso adepto lampião conhecido pelo " o barbas ", que em comunicado jé deu a saber que este ano em protesto não acompanhará a equipa do Benfica na sua deslocação a Braga, " Braga nem por um canudo " desabafou o desolado senhor...
FOTO: a origem do mundo, pintura de Gustave Coubert

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

DUAS GRAVATAS DE MAU GOSTO

O mar está bravo, a neve altera a lusa paisagem da lezíria ribatejana até tras-os-montes mas a de Setúbal não. Este marasmo enfeitiça um país pobre de vozes que se elevem contra os parcos protagonistas que moldam os noticiários em horário nobre. Júlio Monteiro escapou ao refúgio de 4000 metros quadrados que ostenta como jardim e ombreia com a Manuela Moura Guedes o telejornal da hora de jantar, o telejornal com maior audiência nacional, o da TVI. O suspense é grande para as notícias do dia.
Algo vai acontecer...
...começamos em lume brando com o alerta do cavaco sobre a nova lei do divórcio, num discurso vestido com trajes de aparição não fosse este orado em Fátima A quimonda a deixar 2000 desempregados no mercado segue a aparição do presidente, note-se 2000 desempregados, metade dos metros quadrados do jardim do tio a balouçar na sua vida de futuros números nas estatísticas que a oposição toma como referencia.
E sim, todas estas notícias passam para segundo plano porque a TVI promete tirar um coelho da cartola ao vivo e em directo, fico tão entusiasmado que até a Manuela a falar em deflação me canta ao ouvido como felácio, perdão?
Francisco louça entra em cena e atrasa o inevitável, com aquela lambida voz arrastada e melodiosa que eu usava quando era um maltrapilho e atirava à minha mão para pedinchar um brinquedo, lembram-se? Ali na xarabaneco, ali onde também cantava o extinto círculo cultural de Setúbal. E também ele vai falar, também ele vai viver este atroz circo, também ele vestiu o fato de treino para ir ao mais badalado shoping do país.
As notícias prosseguem com o jornalismo de investigação da TVI a deixar-me extasiado, digo-vos mesmo que por vezes quase disparo um orgasmo, mas não... A cada notícia tenho um coito interrompido. Os saltos no sofá apenas acompanham uma banda sonora como as que compõem para os filmes do Spielberg e que vocês podem experimentar em casa se puserem um LP do Barry White a 45 rotações.
É agora, é agora...
... Mas não.
Não é ainda...
Começo a duvidar e desiludido acendo o fogão para fritar umas batatas com a finalidade de se juntarem a umas costeletas que larapiei à algarvia que maternalmente as comprou pela manhã no mercado do Livramento, estas coisas são melhores ficarem bem explicadas não vá a minha família cair nas malhas da justiça nacional. Não é? Pois claro que sim.
...É agora é agora, o senhor vai falar, mas...
...Não, nada de novo.
O tio é um apêndice do sobrinho, quem sai aos seus não degenera. Fica apenas um facto relevante da presença do senhor no jornal nacional, um desabafo carinhoso à nação, que com o óleo a queimar as batatas se transtornou e largou uma lagrimazita: Em família, o nosso primeiro-ministro é tratado por zezito.

PS: Cerezo lembras-te do mês passado termos ido ao freeport comprar umas gravatas para ires a um casamento? Pois foi, eu escolhi duas de muito mau gosto, mas não há crise, afinal a espelunca não fecha, ainda dá para irmos lá à zara trocar. But lá???