O mar está bravo, a neve altera a lusa paisagem da lezíria ribatejana até tras-os-montes mas a de Setúbal não. Este marasmo enfeitiça um país pobre de vozes que se elevem contra os parcos protagonistas que moldam os noticiários em horário nobre. Júlio Monteiro escapou ao refúgio de 4000 metros quadrados que ostenta como jardim e ombreia com a Manuela Moura Guedes o telejornal da hora de jantar, o telejornal com maior audiência nacional, o da TVI. O suspense é grande para as notícias do dia.
Algo vai acontecer...
...começamos em lume brando com o alerta do cavaco sobre a nova lei do divórcio, num discurso vestido com trajes de aparição não fosse este orado em Fátima A quimonda a deixar 2000 desempregados no mercado segue a aparição do presidente, note-se 2000 desempregados, metade dos metros quadrados do jardim do tio a balouçar na sua vida de futuros números nas estatísticas que a oposição toma como referencia.
E sim, todas estas notícias passam para segundo plano porque a TVI promete tirar um coelho da cartola ao vivo e em directo, fico tão entusiasmado que até a Manuela a falar em deflação me canta ao ouvido como felácio, perdão?
Francisco louça entra em cena e atrasa o inevitável, com aquela lambida voz arrastada e melodiosa que eu usava quando era um maltrapilho e atirava à minha mão para pedinchar um brinquedo, lembram-se? Ali na xarabaneco, ali onde também cantava o extinto círculo cultural de Setúbal. E também ele vai falar, também ele vai viver este atroz circo, também ele vestiu o fato de treino para ir ao mais badalado shoping do país.
As notícias prosseguem com o jornalismo de investigação da TVI a deixar-me extasiado, digo-vos mesmo que por vezes quase disparo um orgasmo, mas não... A cada notícia tenho um coito interrompido. Os saltos no sofá apenas acompanham uma banda sonora como as que compõem para os filmes do Spielberg e que vocês podem experimentar em casa se puserem um LP do Barry White a 45 rotações.
É agora, é agora...
... Mas não.
Não é ainda...
Começo a duvidar e desiludido acendo o fogão para fritar umas batatas com a finalidade de se juntarem a umas costeletas que larapiei à algarvia que maternalmente as comprou pela manhã no mercado do Livramento, estas coisas são melhores ficarem bem explicadas não vá a minha família cair nas malhas da justiça nacional. Não é? Pois claro que sim.
...É agora é agora, o senhor vai falar, mas...
...Não, nada de novo.
O tio é um apêndice do sobrinho, quem sai aos seus não degenera. Fica apenas um facto relevante da presença do senhor no jornal nacional, um desabafo carinhoso à nação, que com o óleo a queimar as batatas se transtornou e largou uma lagrimazita: Em família, o nosso primeiro-ministro é tratado por zezito.
PS: Cerezo lembras-te do mês passado termos ido ao freeport comprar umas gravatas para ires a um casamento? Pois foi, eu escolhi duas de muito mau gosto, mas não há crise, afinal a espelunca não fecha, ainda dá para irmos lá à zara trocar. But lá???
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
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2 comentários:
Não levam gajas para ir às compras e é nisso que dá...
O mais incrivel disto tudo é k na sei onde pus a merda das gravatas, ainda hoje tou a pensar no k akonteceu...MAU.
Cerezo
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