quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Teratron: prodígio português


O revivalismo do movimento Big-Beats, plantado pelos Prodigy e pelos Chemical Brothers, açucarado com o recente legado do Electro dos Masterkraft, Soulwax, Vitalic ou Felix The Housecat, pinta a manta ao trabalho de estreia dos Teratron (dupla composta pelos produtores e músicos João Nobre e Pedro Quaresma dos Da Weasel).

Por Shampo Decapante | info@mundouniversitario.pt

O primeiro e homónimo disco que chega hoje ao mercado, é carregado de uma energia própria para pistas de dança e, embora traga alguns clichés nas influências, não deixa de ser um registo interessante no quadro da música de dança feita em Portugal. “Teratron” foi produzido e misturado pelos Red Kids, masterizado por Tom Coyne e conta com as participações de Yellow de Portugal, Malica dos Estados Unidos e Backyard Bully e Kenton Thatcher da ilha britânica. Recebendo em alguns temas um baixo que lhe confere alguma áurea funky, é no Electro de temas como “Miss Monique”, “Make Me” ou “Discharge Forms” que o LP encontra momentos mais inspirados. Influenciados por um movimento Vintage, a dupla consegue dar no primeiro disco uma carga energética tão em voga nos dias que correm que é de esperar que muitos DJ`s o levem para a cabine e façam uso dele.

IN MUNDO UNIVERSITARIO

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

The Phenomenal Handclap Band


Colectivo de músicos reunidos por dois DJs/produtores, Daniel Collás e Sean Marquand que, cansados de tocarem as músicas dos outros, usaram todo o conhecimento adquirido em anos a passar som nos melhores clubes de Nova iorque.

The Phenomenal Handclap Band é o mais recente itinerante museu sonoro às idas épocas dos anos 60 e 70 com o seu homónimo LP de estreia. O trabalho revive o ambiente musical do Rock Progressivo, Soul, Funk e Disco-Sound a vacilar num electro minimal, num disco que apesar de bom, peca por expor em demasiado as influências.

Traçando uma linha entre Manhattan, Brooklyn e o mundo, encontramos um colectivo de músicos reunidos por dois DJ`s produtores, Daniel Collás e Sean Marquand que, cansados de tocarem as músicas dos outros, usaram todo o conhecimento adquirido em anos a passar som nos melhores clubes underground de Nova iorque para se lançarem eles também no mercado discográfico com um grupo que, à imagem dos Propellerheads, está num cenário de “A Little Bit Of History Repeating”.

Os dois DJs chamaram para este projecto Patrick Wood, Luke O`Malley, Binji Ling, Laura Marin, Joan Tick e Pier Páppalardo e contam ainda com as participações dos músicos Aurélio Valle, Jaleel Buton dos TV On The Rádio, Carol c, Lady Tigrae e até Jon Spencer para uma incrível diversidade melódica.

A viagem do LP começa, curiosamente, pela Beira Baixa. Não que a banda se desloque a Portugal para actuar num festival de verão, mas porque a primeira música, um instrumental, tem o singular nome de “A Journey to Serra da Estrela”. O tema cria um ambiente de suspense que se adaptaria a uma banda sonora da série ‘Dirty Harry’. Segue-se “All of the Above”, um tema bem batido a lembrar Scissor Sisters numa toada bem Funky e onde abrem as portas a uma guitarra psicadélica que adocica a música às margens do Mississípi.

Na terceira faixa “Testimony”, o LP faz a sua primeira entrada no Rock Progressivo e calmo que recebe algum floreado nuns coros de Soul-Music, o que se volta a repetir em “Give it a Rest”, faixa que recebe uns acordes iniciais que muito lembram o “Smoke on the Water” dos Deep Purple. Em “You`ll Disappear”, primeiro single extraído do LP, chega o melhor momento do disco, carregando um forte apelo á dança e lembrando os primórdios do Disco-Sound. O tema faz ainda uma diagonal ao Electro-Minimal o que o ajuda a manter-se longe da brilhantina do Mainstream.

A seguir cai-se nas malhas de um som que não destoaria do alinhamento num LP de Peaches com o tema “15 to 20” e em “Dim the Ligths” voltam a acender-se os néones nova-iorquinos dos clubes Underground para finalmente em “I`v Been Born Again” Voltarem ao Rock Progressivo lembrando velhos temas de Carlos Santana, que volta a influenciar a banda em “The Martyr” tema que chega mesmo a confundir-se com a entrada do “Black Magic Woman”. O disco acaba nessa toada rockeira nos temas “Tears”, “Baby” e “The Circle is Broken”.

Os Phemomenal Handclap Band parecem destinados ao sucesso, mas tanto virtuosismo pode tornar-se numa ratoeira que os leve a uma demasiada exposição. A banda encontra-se no seu Habitat natural, Nova Iorque do Soul do Harlem, do Disco de Brooklyn e do Rock, se possível de Manhattan. Recriam mesmo um ambiente anos 70 onde os trajes operários deram lugar às calças à boca de sino e a um erotismo dançante, num novo estilo de vida que fugia aos subúrbios e aos grelhadores eléctricos que simbolizavam uma América cínica e onde uma emergente juventude chamada Underground se revia nos guetos, onde eram produzidos esses movimentos, de costas voltadas para Richard Nixon mas de braços abertos para Stanley Kubrick e Francis Ford Coppola.

IN RUA DE BAIXO