quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Koko Von Napoon


Uma calma, aparentemente clerical, sopra novamente por entre os campos Elísios. Oriunda talvez dos suados braços de Quasimodo a agitar os badalos dos sinos do campanário da catedral de Notre Damme ou provavelmente das centenas de esplanadas que Paris veste de manhã à noite e onde escritores, boémios e músicos nascem, ou nasceram para o mundo. Desta feita, a Gália serve-nos com esta aragem uns mancebos que dão pelo nome de Koko Von Napoon.

Esta brisa deixa um rasto indelével de pós-punk embutido em new-wave. Como um templário, este vento ganha aforismos de pop-rock que aos poucos ajoelha sua armadura no solo gaulês e, lembra o outrora sagrado solo, rendido ao catolicismo que agora esquece a extrema unção aplicada por Urdezo ao herói de BD Asterix e, ignorando esse tiro no pé, prepara-se para exportar uma nova e sublime mensagem para o mundo.

Os Koko Von Napon têm na formação três embriagadas damas das camélias e um Alexandre Dumas filho, Toupie, Renarde, Kokoboy e Kiddo de baptismo. Estes novos Gavroche da pop francesa compactam agronomicamente as raízes do neo-punk a um electro-soft-rock, numa boda em jeito de luxúria. Ressuscitando mesmo a loucura perdida de Nina Hagen numa noite de núpcias, onde velha punk star é desflorada por um novo mundo, que gira eternamente em volta do velho.

Esta Nouvelle Vague labiríntica, poderá vir da perdida claustrofobia Manchesteriana, onde a gélida e defunta indurtria sonora deixou raízes para a nova irredutível pop gaulesa, ou até mesmo do frenético beat latino dissimuladamente usado no indie-rock norte-americano dos anos 80. 

Na audição do seu homónimo e primeiro EP, tudo isto se junta a um sentido musical subliminar como em «Agence Blady Trailer», música a roçar o triste glamour dos Human League pulverizando uma batida em jeito de escárnio dos Spectrum ou ainda, parindo um David Byrne efeminado, a amamentar uns Talking Heads de saias e de corpetes electro trajados.

Bem trajado aparece também «Rocky», uma elegia vocal à Santo Gold, numas passadas largas de Lenne Lovich e que se repetem em «Baden Baden» mas acentuando também a mecânica soul do “Power Corruption & Lies” dos New Order, banda que volta a influenciar os Koko Von Napoon com o seu primogénito “Movement” no tema «JonBon».

 Uns sintetizadores beatos abrem o single «Polly» e marcam o tema em definitivo numa clara alusão ao fantástico universo dos Suicide, nadando um pouco no stereofonismo dos Ladytron e relembrando o futuro previsto por Ridley Scott em “Blade Runner”, onde Vangelis tropeçou numa inspirada obra que lhe valeu pela vida.

Esta banda acaba por ser uma espécie de rebento fresco, à deriva num ramo da árvore genealógica da música pop e regurgitada de uma neblina aferida na gélida ilha britânica. Até o tempo parece congelar na aparente estagnação de que vive a nova pop, mas a verdade é que deste entupimento têm surgido verdadeiras obras-primas. No primeiro trabalho esta banda promete ser uma dessas novas coqueluches que se ajeitaram ao novo milénio, com a roupa que os pais vestiram.

in rua de baixo

2 comentários:

Anónimo disse...

cialis bestellen cialis bestellen
cialis acquistare cialis generico
cialis generico cialis
vente cialis achat cialis en france

Anónimo disse...

cialis generika cialis ohne rezept
cialis cialis acquistare
cialis cialis precio
prix cialis commander cialis en france