sexta-feira, 15 de maio de 2009

EDIÇÃO DO QUINTO ANIVERSÁRIO DO MUNDO UNIVERSITÁRIO



Na semana passada, o MU fez 5 anos e lançou uma edição especial de Aniversário. O Fernando Alvim sentou-se por uma semana na cadeira do Director do jornal, escolheu os temas e comentou os artigos. O MU convidou o Shampo Decapante para fazer parte deste momento e aqui estão os seus textos.
*Saudações Universitárias
*ASS: MU

ENTRE AS MÚSICAS DA MEMÓRIA
A MÚSICA E O MAR
A música portuguesa está repleta da inspiração do mar, quer no Pimba a descarrilar nas festas de verão das aldeias, quer nas bandas que tocam nos festivais de verão. Num país virado para o Atlântico e com um passado histórico de descobrimentos marítimos é natural que assim seja. Fazer uma compilação deste espolio é como navegar no próprio oceano, uma aventura onde podemos encontrar verdadeira riquezas a sair da neblina matinal

SETE MARES
Uma das músicas que mais ficou, na recente história do país, na memória dos portugueses foi o Sete Mares dos Sétima legião, todo o tema gira em volta do mar e de quem vive dele. São aventuras contadas numa melodia que ainda hoje ecoa pela nação, por uma banda que marcou uma geração e que viveu a segunda explosão da música moderna portuguesa. “Hoje num vento do norte/ fogo de outra sorte/ sigo para o sul” foi o refrão e a poesia possível, mas ainda assim sublime com que Rodrigo Leão (baixo), Nuno Cruz (bateria) e Pedro Oliveira (voz e guitarra) se inscreveram na historia da musica portuguesa.

DIAS ATLÃNTICOS E DUNAS
Outro tema a transpirar o mar é o Dias Atlânticos dos Ban, esta música é uma aromática brisa fresca que vem do mar e que ainda hoje refresca os tímpanos a muita gente saudosa de um passado recente. É uma música que ainda é bastante actual no panorama musical contemporâneo e tocou muito pelas rádios nacionais nos anos oitenta fazendo parte das playlists onde uma geração aprendeu a ouvir música nacional.
Rádios onde também se podia ouvir a ainda tímida voz de um novato Rui Reininho a cantar “dunas/ são como divãs” um lendário tema repleto de metáforas à problemática adolescente “palavras a mais/ na idade dos porquês” e que acabaria por se tornar um hino obrigatório a escutar nas bandas sonoras de verão.

O NAVIO E O JOÃO AGUARELA “SITIADOS”
O Navio dos Afonsinhos do Condado é a mais quente música feita sobre o mar, os ritmos latinos entoados com a boa disposição que lhes era conhecida, derreteu muitos corações no passado, fez muitos marinheiros saudosos olharem o mar e perderem-se em recordações ao a escutarem. Os imaginários além-mar são evocados na letra que fala de portos perdidos que sempre povoaram as lembranças do nosso povo, que tem neste tema um verdadeiro momento de inspiração, é um derradeiro manifesto marítimo.
Homenageando João Aguarela passemos a um tema que provavelmente, foi o que mais festas, arraiais e afins animou de norte a sul, de este a oeste de um país que do mar tira seu sustento, que do mar alimenta seus sonhos e que ao mar tem dedicado palavras cantadas. “Vida de Marinheiro” é o legado dos “Sitiados” um alegre e boémio canto a relatar fortunas nunca encontradas no fundo de uma garrafa e amores nunca repetidos nas cidades a que nos habituamos a aportar.

FINISTERRA
Muitas mais foram as bandas que navegaram seus instrumentos pelo adamastor e lembraram como o mar está presente na nossa cultura e nos nossos costumes, em músicas que se tornaram lendárias ou simplesmente marcaram uma certa época. De José Cid numa toada mais ligeira, a Fausto no “Por Este Rio Acima” que é o primeiro disco da trilogia inacabada "Lusitana Diáspora" e onde se podem encontrar diversos temas de relatos marítimos. De Né Ladeiras à banda do casaco, todos eles em algum momentos das suas carreiras celebraram o mar numa canção, quase que é obrigatório em algum momento das suas carreiras citarem o mar e agradecerem esta inspiração de um legado que muitos de nós ainda navegamos para levarmos nossa saudade a bom porto.
Shampo decapante

Comentário Musicas e o Mar por Fernando Alvim
As canções de solidariedade é que têm a mania de colorar a palavrar mar em tudo. Em Portugal tínhamos uma que se chamava “Abraço a Moçambique” que dizia isto: “Tanta água nos separa, tanta água e basta um passo!”. Esperem lá, tanta água tanta água, e que nos dizem para fazer, é dar um passo? Isto parece aquele comentário do homem que se disse que a sua vida estava à beira do precipício mas felizmente deu um passo em frente. Enfim, isto é de facto meter água.

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