quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O MEU TARDIO ESPÍRITO NATALÍCIO


No natal mais vale calcurriar o calvário até um tasco com a secura nos costados que pavonearmos o passo na brilhante calçada da baixa pombalina e nem pensem na baixa sadina que já se encontra defunta e com a missa de sétimo dia rezada. Eu acho que o natal se engarrafou na rotina de uma certa parolice que adquiri para beber uma crise económica a cair como uma saraivada ou como a baba a escorrer do canto da boca do jeitoso primeiro-ministro português a delirar com um enclave socialista fascisoide açoriano, a magoar um Aníbal esquecido da herança com que brindou o país há anos, mas na verdade o natal é apenas uma eclesiástica odisseia, um beijinho no menino Jesus, outro na playstation a pensar no último da Laura Croft e que se lixe o Sócrates mais a crise ou podemo-nos reger por valores mais baixos e terrenos e passarmos o natal a beber umas imperiais frescolas e rezar para que a babe não note o bafo a cevada no beijinho natalício já que as pastilhas para o hálito a álcool causam o mesmo efeito que as pastilhas calgon para o calcário da sua máquina de lavar roupa, roubam-nos a pedra.
Não há natal sem o pai natal e eu suponho que o velho faça a distribuição do pesbeque nórdico ao som de uma banda sonora orquestrada pelo michael bolton, artista censurado no portal da minha chaminé e por isso o sacana do velho não entra para me coser a meia, e eu ainda não tenha o prazer de o conhecer e apenas o veja a cirandar por outros lares no seu carrinho alado com jumentos cornudos emparelhados.
Para mim o natal é ter que comer bacalhau cozido com grão e brócolos na consoada sobre uma toalha branca com sinos e ramos de azevinho estampados, toalha que após a refeição tem a acompanhar a bendita estampagem alguma salsa e muitas gotas de azeite cortesia da minha dislexia e não do tinto ou do branco já que tenho a estranha mania de não pisar uva em frente aos meus progenitores, bebo andes essa maravilha imperialista que se chama Coca-Cola e que muito mata a secura e ajuda os ácidos estomacais a transformar o grão, para não falar do prazer que essa bebida me dá quando me faz cócegas na maçã-de-adão... Ora como quase toda a gente adulta e algumas crianças que não são sócias do Benfica sabem, a Coca-Cola inventou o pai natal vestindo-o de verde no inicio mas substituindo o verde pelo vermelho Benfica por também esta instituição ser uma farsa, suponho mesmo que alguns adeptos mais crentes acreditam que o pai natal é uma versão adulta do luís Filipe Vieira mas menos senil e com a vantagem de conseguir dar boas prendas a alguém, coisa que o orelhas nunca conseguiu fazer e que o diga o metalist que
recebeu no sapatinho o primeiro lugar do seu grupo na UEFA cortesia da chaminé do estádio da luz. Por isto tudo desejo a todos os que acreditam no natal, no Sócrates e no Benfica um bom natal e muitas prendas no sapatinho... Mais vale tarde que nunca...

1 comentário:

Andreia Arenga disse...

Só para não ficares triste, vou deixar um comentário. Já sabes que não vou tecer grandes considerações quanto às chalaças sobre futebol. No entanto, sobre isso não posso deixar de dizer que fico contente por o Pai Natal ter deixado de usar o verde, se não ainda me arriscava a ouvir as tuas piadas sobre outro clube de futebol...

Na minha ceia de Natal, também havia medalhas na toalha - igualmente pirosa - não tanto de azeite, mas sobretudo do vinho que eu não bebia e que tanto deliciava as gargantas do meu pai e do meu avô.

Lembro-me de esperar ansiosamente por esse ritual tão católico de beijar o pé do menino de Jesus na véspera de Natal, sempre que acompanhava a minha avó na Missa do Galo. Depois era voltas ainda mais depressa para procurar os presentes escondidos nalgum lugar fora do meu alcance.

No meu Natal tambem havia um Michael, mas não o Bolton. Era o George Michael sempre que cantava o 'Last Christmas' e que ainda hoje passa, religiosamente, nas rádios por estas alturas.

Mas, memórias à parte, o melhor deste Natal foi mesmo o presente que esse velho barbudo não se esqueceu de me trazer. Um presente grande, com quase dois metros de altura, mas que cabe bem dentro do meu peito.

Feliz Natal