quinta-feira, 18 de setembro de 2008

TRÓIA E CASSETES CROMODIOXIDO


Finalmente a lacuna foi preenchida, lembro-me vagamente da minha infância e pouco vos posso submeter à parolice da minha adolescência mas lembro que faltava sempre alguma coisa, nos acampamentos selvagens na caldeira e na galé a ouvir joy division, new order, the mission, loyd colle, the smiths, como podiam os smiths faltar em tróia??? E no meio da tarde inventarmos um qualquer jogo para eu perder e armado em cantiflas ir a supermercado de sol Tróia palmar umas pilhas para o cantante rolar o blue monday vezes sem conta, ou para já no fim da tarde, ao por do sol... que lindo... o atmosphere do Ian curtis a puxar a veia à seringa assim tivessemos nós essa libertinagem ou alguma informação porque assim o Marinho não tinha feito a figura de parolo quando uns bacanos de Lisboa nos perguntaram se tínhamos xamon
-Shampô não temos, mas podemos vos dar sabonete...
E faltava sempre qualquer coisa...
-Deixem estar.- quando nos voltaram as costas e nós a não entendermos a galhofa , no tempo em que a galhofa era que suávamos a tenda para perder a virgindade e acordava-mos com um ar matreiro e um andar gingão de quem já é um homem, mas na verdade é que faltava algo. Até porque a um homem ninguém rouba Tróia para a dar à corja e para ouvirem uma orquestra dentro de uma piscina tocar Andreas bocelli. Eu que me fiz homem a ouvir o closer numa tenda suada não perco tróia assim, eu que abro a janela do quarto e lá está ela suspensa entre o estuario e o atlantico, entre os ruazes corvineiros e, aquilo que me falta, o que sempre me faltou, a tal informação do meu pai ter desmaiado na caldeira por ter comido mais de um kilo de pilim frito antes da quimioterapia e de agora nem meio carapau despachar. Era isto que me faltava, a verdade é que tróia nunca foi nossa, apenas a ocupamos como uns índios da meia praia esses que viviam no Algarve nos anos 50 e 60 e andavam literalmente com a casa ás costas, essa escumalha que o Zeca Afonso relatou e imortalizou numa cantiga, assim éramos nós a ocupar Tróia. e valha-me deus como é que eu nunca vi, peço desculpa pela ocupação? A Tróia sempre pertenceu a estes senhores http://www.troiaresort.net/ foto de Americo Ribeiro "Tróia em 1953"

6 comentários:

X disse...

Ao menos ninguém te rouba essas memórias...

Tôni disse...

belo texto.

Anónimo disse...

Essa escumalha que o Zeca Afonso relatou e imortalizou numa cantiga, lindo e prefundo. Bom texto

Anónimo disse...

ASS: Miguel

.margarida. disse...

bom blog e bom texto! gostei muito de ler estas palavras.

obrigado pela tua visita ao meu cantinho da blogosfera. ;)

beijinhos,

margarida.

Andreia Arenga disse...

Gostei. Não há nada melhor que falar de memórias.

Beijinhos