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No natal mais vale calcurriar o calvário até um tasco com a secura nos costados que pavonearmos o passo na brilhante calçada da baixa pombalina e nem pensem na baixa sadina que já se encontra defunta e com a missa de sétimo dia rezada. Eu acho que o natal se engarrafou na rotina de uma certa parolice que adquiri para beber uma crise económica a cair como uma saraivada ou como a baba a escorrer do canto da boca do jeitoso primeiro-ministro português a delirar com um enclave socialista fascisoide açoriano, a magoar um Aníbal esquecido da herança com que brindou o país há anos, mas na verdade o natal é apenas uma eclesiástica odisseia, um beijinho no menino Jesus, outro na playstation a pensar no último da Laura Croft e que se lixe o Sócrates mais a crise ou podemo-nos reger por valores mais baixos e terrenos e passarmos o natal a beber umas imperiais frescolas e rezar para que a babe não note o bafo a cevada no beijinho natalício já que as pastilhas para o hálito a álcool causam o mesmo efeito que as pastilhas calgon para o calcário da sua máquina de lavar roupa, roubam-nos a pedra.
Não há natal sem o pai natal e eu suponho que o velho faça a distribuição do pesbeque nórdico ao som de uma banda sonora orquestrada pelo michael bolton, artista censurado no portal da minha chaminé e por isso o sacana do velho não entra para me coser a meia, e eu ainda não tenha o prazer de o conhecer e apenas o veja a cirandar por outros lares no seu carrinho alado com jumentos cornudos emparelhados.
Para mim o natal é ter que comer bacalhau cozido com grão e brócolos na consoada sobre uma toalha branca com sinos e ramos de azevinho estampados, toalha que após a refeição tem a acompanhar a bendita estampagem alguma salsa e muitas gotas de azeite cortesia da minha dislexia e não do tinto ou do branco já que tenho a estranha mania de não pisar uva em frente aos meus progenitores, bebo andes essa maravilha imperialista que se chama Coca-Cola e que muito mata a secura e ajuda os ácidos estomacais a transformar o grão, para não falar do prazer que essa bebida me dá quando me faz cócegas na maçã-de-adão... Ora como quase toda a gente adulta e algumas crianças que não são sócias do Benfica sabem, a Coca-Cola inventou o pai natal vestindo-o de verde no inicio mas substituindo o verde pelo vermelho Benfica por também esta instituição ser uma farsa, suponho mesmo que alguns adeptos mais crentes acreditam que o pai natal é uma versão adulta do luís Filipe Vieira mas menos senil e com a vantagem de conseguir dar boas prendas a alguém, coisa que o orelhas nunca conseguiu fazer e que o diga o metalist que recebeu no sapatinho o primeiro lugar do seu grupo na UEFA cortesia da chaminé do estádio da luz. Por isto tudo desejo a todos os que acreditam no natal, no Sócrates e no Benfica um bom natal e muitas prendas no sapatinho... Mais vale tarde que nunca...