domingo, 29 de março de 2009

SALVO POR UMA PALAVRA AMIGA...

A manhã seguia pecaminosa, enquanto a loiça esperava por mim recheada do molho das iscas com que o repasto do apagão me havia decorado a soberba mesa de vime. A loiça a balançar agoniada junto a uns copos ainda a delirar do tinto, ajoelhava-se em preces de água tal como eu esperava palavras de salvação que não tardaram em aparecer.
Perdia-me eu gota a gota, num pecaminoso coito twitteriano, quando faço um infame comentário sobre o apagão, uma piadola fraquinha daquelas de bolso, é claro que o país não está às escuras há 4 anos. Como não vi eu a luz. E é aí que, pacientemente, sou salvo à laia de uma benzidas pagelas de Sãozinha num manso discurso a encaminhar-me o esqueleto, para caminhar com os eleitos e com eles lutar contra a desavergonhada campanha negra. Com meus celestiais companheiros evocar meus irmãos filisteus, como em tempos me convocaram para uma causa, na qual me alistei mal me falaram de vinho.
Como andava eu perdido na vida, se não fosse esta mão amiga - atenção que não estou a mastubar-me - lá continuaria eu este retrógrado treino, com uma pesada corda ao pescoço, para alinhar no fim de uma prova e disputá-la num cortejo de crustáceos a tripar com os restos de uma festa à la Easy Rider.
O que eu merecia, eu sei bem! Merecia as costas bem chicoteadas por avassaladora mão disciplinadora, também uma pesada cruz que eu carregasse, pelo menos até Vilar de Maçada, seria pouco... Mas como estamos em tempo de crise, resumi a penitência só até à sede no Largo do Rato, santíssimo lugar onde professores catedráticos malcriados não entram sem uma valente malagueta na língua. Ou onde não se lê poesia política pois suja os tímpanos aos mais descuidados. Também me disseram que à segunda-feira se caçam perdizes por lá, mas eu não fui em cantigas, entendem? É que eu já sou um homenzinho!
Eu que a dois passos de uma igreja, acordo todos os dias com o badalo na sina da rotina que idosas senhoras prometem pela manhã ao senhor para que possam ter paz no resto do dia, tombo sempre na tentação e rezo antes na taberna que fica apenas a um passo, mas fui chamado a razão.
Fui chamado à razão para que possa finalmente "acreditar em algo", me faça eu um homem capaz de dizer a minha opinião "com todas as letras". Porque apenas tenho pastado nesta vida como um jumento "e nem sei porque ataco este governo". Irei salvar-me desta perfida política, e tirar a minha porca mentalidade da estrada alcatroada pelo "manguito do Bordalo Pinheiro". Para não falar que "apenas andava aqui para arranjar uma forma de me integrar socialmente". Aqui deixo cair um muito obrigado, com a promessa de caminhar com quem sabe, pois a salvação está onde nós menos esperamos...

PS: A foto do símbolo roubei no skywalker.blogspot.com mas juro que é a ultima traquinice que faço. Palavra do senhor!

1 comentário:

violet baudelaire disse...

ahaha que apagão produtivo sr. shampô! eu ainda não encontrei o caminho da redenção, quiçá venha num daqueles panfletos que as senhoras idosas e incómodas trazem quando vêm bater à porta a prometer o reino celestial na terra..ouvirei já as trombetas dos alados badochas querubínicos que consituem o exército do sr?