sexta-feira, 27 de março de 2009

A QUEM DEVO A HONRA?

Não é todos os dias que ilustres propagandistas políticos nos assaltam os palácios onde nos fizemos homens e onde deambulamos como uns terroristas, nas brincadeiras de infância. Brincadeiras que iam desde jogar às escondidas, até brincarmos aos piratas para navegarmos com aquele edifício pela encosta de brancanes, como os velhos edifícios britânicos velejaram e pilharam uma wall street a saldo de uns lunáticos monty python.
O velho palácio de brancanes, era na altura um daqueles edifícios por acabar. Para o qual não temos uma palavra certa, mas os alemães chamam de neubauten. Talvez estivesse por acabar por algum empreiteiro ter falido, nunca soube, mas a historia do empreiteiro era pouco romântica. Situado paredes meias com o regimente de brancanes, dizíamos nós do palácio, que ia ser uma casa para o Salazar. Mas como o ditador finou, o palácio ficou para ali esquecido, o que fazia uma história àquele embuste, muito mais interessante.
Ora como o embuste estava esquecido, era nosso por direito! Havia-mos herdado um parque de diversões do estado novo, achavamo-nos os órfãos dos três efes. E das varandas viradas para a magala que defendia a nação do ido regime, como o Dom Quixote defendia as fronteiras de sua quinta, enchia-mos nós os pulmões ao céu e com uma pose de gozo disparava-mos piropos ofensivos...
-É feijão verde!
Era o que mais lardeávamos pelo toucinho dos lábios naquela tenra idade, e claro, era uma boca que a tropa achava standard.

E hoje vieram-me essas memórias como um eco parolo num tirolês foleiro, estava eu sitiado de sala quando recebo um SMS do Simões, aka Der Terrorist, aka Faísca aka Mr Simon, que sendo ele das fontainhas, nunca foi feliz naquele palácio. E por isso tenho-o como um rival bairrista. Mas aquela enigmática mensagem recebida era como um toque de alvorada para marchar-mos contra algo, era como se a radio clube português voltasse a tocar à uma e quinze da manhã o Paulo De Carvalho. E das colunas soa-se "quis saber quem sou, o que faço aqui" e lá partisse-mos nós de Vendas Novas, ataviados de ceroulas e armados com forquilhas de ramos de oliveira para atacar a capital do império e despojar a corja de um legado de 500 anos de infâmias conquistas, (desculpa aí Marocas?)
" Ta cá a Manuela Ferreira Leite" saía do visor do telemóvel, que até me poderia queimar nas mãos, não fosse o sono do pinto calçudo. E ela estava no meu palácio acompanhada do Pacheco Pereira, como me confirmaram esta manhã. Então não é que volvidos anos, estes velhacos sem vergonha, vieram para reclamar o palácio de brancanes, aka estalagem do Sado, palácio que é meu por direito!
Dizia-mos nós fantasiando e sem saber do futuro, que o palácio era assombrado por um Bobby, ali perdido e nunca achado, já que volta e meia ouvia-mos os seus latidos. Pois hoje eu posso afiançar que ontem o palácio foi mesmo assombrado pelo latido de assustadoras personagens, vou já preparar um exorcismo e benzer o palácio para que volte a sua áurea inocente dos meus tempos de ranho na venta, palavra do senhor!

2 comentários:

Sandro Marques disse...

manhifique!!É preciso descaramento para entrar no bastião vermelho

violet baudelaire disse...

e que foram os ilustres velhacos fazer a um tal santuário de memórias de tempos de imberebes faces?não havia um cerebero a impedir que se sitiasse esse palácio?