sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

TRINTA ANOS DE INFANTADAS MAL-AMANHADAS

Massa qb
300 g de almôndegas frescas
2 Dentes de alho
1 Cebola
1 Pimento
Azeite qb
Polpa de tomate
1 Folha de louro
Coentros
Sal e pimenta qb


De todos os processos químicos e a alquimia deles resultantes o mais fácil e com mais utilidade é feito na cozinha. Despeja-se azeite numa frigideira, pica-se uns alhos e uma cebola e leva-se ao lume com coentros... É um refogado, depois junta-se polpa de tomate e cozinha-se umas almôndegas em lume brando nessa magia culinária e servem-se generosamente por cima de uma massa cozida aldente. Senta-se à mesa, deseja-se bom apetite e atacamos a hóstia jantaresca regada com sumo de laranja natural pois em Janeiro exerço o meu direito ao Ramadão.
Na primeira trincadela o repasto é aprovado, a tenra carne moída aquece um serão longe do frio da noite de Janeiro. Na radio uma bateria ritmada enrola a batida com os os acordes da guitarra do dead souls dos Joy Division a bailar a nefasta odisseia da fria e industrial Manchester dos anos 80, o garfo como uma pá de uma grua enceta mais uma garfada quando admirado se suspende a meio do trabalho. Esperem lá esta não é a voz do Ian Curtis, esta voz canta em português, esta voz é a do tim. Então é isso, como nunca entendi, o homem do leme navega nas vagas do neo punk depressivo do dead souls...
Nunca fui fã dos xutos e pontapés, aliás acho-os mesmo maus, sou português, gosto de fado, gosto de tinto, gosto da anarquia benfiquista mas não cuspo para o chão e não suporto os xutos e pontapés, essa redundância elevada a culto. Essa self-made-band a salgar a massa na batalha com a insonsa almôndega. Irra que até uma refeição me estragam... Não bastavam as imagens de um sofrível rock in rio onde casais de meia-idade trocaram o fato de treino e o passeio no shoping por um concerto onde exibiram os rebentos às cavalitas prostrados a cruzar os braços como aquele fosse o concerto da vida deles, ou apenas a cruzar os braços num suplício, num aflito grito de agonia da vida parola dos pais...

6 comentários:

Anónimo disse...

ah grande zé! gostava de ter escrito isto.

Electrobot disse...

Também foi banda que nunca me disse muito, embora até tenham um ou outro tema engraçado...mas não passa disso mesmo...

Anónimo disse...

A inveja é uma coisa muito feia...

shampô decapante disse...

Claro que sim, é claro que é inveja. Como não vi antes... Obrigado. Vou só ali roer-me volto já...

Anónimo disse...

Pelo menos alguém se lembrou de dizer umas quantas verdades acerca daquela que é considerada a maior banda de rock português. Estávamos a ouvir rádio quando os Xutos invadiram o horário nobre e lembro-me que na altura começámos a discutir. E surgiram-nos nomes tão melhores do que os básicos Xutos e Pontapés. A começar pelos Mão Morta que também já contam com uma carreira bastante longa e sabem reinventar-se a cada novo disco sempre com o conceito habitual que os caracteriza. Letras fantásticas e um som brutal.

violet baudelaire disse...

exactamente o género de tributo que me apraz :) como se já não bastasse serem de uma falta de qualidade épica, ainda se arrastam nefastamente por festas e romarias todos os verões a importunar pessoas há 30 anos.
para além de me darem vontade de bolsar, são difíceis de erradicar!
e o que dizer do bonito simbolismo dos bracinhos cruzados? oh por favor! peçam a reforma antecipada!